O grande filósofo búlgaro Omraam Mikhaël Aïvanhov começa o seu livro Rumo a uma Civilização Solar com a seguinte frase:
“Quando o Sol se levanta, espalha sua luz, o seu calor e a sua vida, e esta luz, este calor e esta vida é que incitam os homens a levantar-se também para irem trabalhar. Uns vão para o escritório, para a fábrica ou para os campos, outros abrem as suas lojas. As crianças vão para a escola. As ruas ficam cheias de ruídos, de pessoas, de viaturas que circulam… À tardinha, quando o Sol se põe, fecham-se as lojas, abandonam-se os escritórios, volta-se a casa, e depois…cama! É o Sol que marca o ritmo de vida dos seres e foi ele também o iniciador da cultura, da civilização.”
A consciência é a percepção do espírito ou da centelha divina que contém a vida. Acima de tudo, ela é a luz que ilumina a nossa mente, a nossa psique, colocando-a em funcionamento. Sem luz, não há vida no ser humano. Essa luz, entretanto, possui diversas colorações e intensidades que, certamente, matizarão de forma diferente cada contato com a Realidade Objetiva, permeado pela Matriz de Competências Energéticas da pessoa.
Vamos brincar um pouco com o significado da luz.
Uma lamparina é incapaz de iluminar o local satisfatoriamente. Naturalmente, aquilo que é iluminado fica sempre visível, mas o que está na escuridão jamais aparece.
A existência de processos que unificam o interior do sistema, ou seja, que possibilitam movimentar-se no trajeto de cada processo permite trazer mais luz, como a luz da Lua, que ilumina muito mais que uma lamparina, embora palidamente, por não possuir luz própria. É fácil compreender a razão disso, pois a Lua é o reflexo do Sol. É por isso que insistimos na mudança da direção do olhar: tudo o que é óbvio e pode ser visto sob a luz lunar não representa a totalidade. Mas é tão cômodo! Essa luz não depende de nós, pois ela sempre está presente. Afinal, uma lamparina deve ser acesa e cuidada, mas ninguém precisa cuidar da Lua.
É importante buscar a luz solar, pois ela é a verdadeira luz. Enquanto estamos no interior seguro do sistema, sonhamos, imaginamos, mas, decerto, não vivemos a realidade plenamente, porque enxergamos tudo de maneira mais pálida e, além do mais, refletida. Como um satélite girando em torno da Terra e enxergando-a como centro, a Lua a ilumina.
Os seres humanos fazem a mesma coisa. Vivemos sob a luz lunar achando-nos o centro de tudo, porém a realidade é bem outra. Somente quando nos desapegarmos da obviedade dos processos, começaremos verdadeiramente a viver com a luz do Sol como centro vital do Sistema Solar. Com essa luz tudo irá tornar-se claro. Começamos a entender que não temos os problemas imaginados estando dentro do sistema, inclusive descobrimos ser a nossa vida, a nossa existência, muito mais interessante e significativa. Compreenderemos o significado da responsabilidade, principalmente em relação a nós mesmos. É impossível permanecer na dependência das instituições e governos para resolver questões relativas à convivência com pessoas, países, mundos. Finalmente compreendemos não ser mais necessário viver na Terra, pois temos domínio do Sistema Solar, assim como não precisamos mais nos importar com processos isolados se temos acesso à Totalidade.
A grande mudança aconteceu quando os primeiros cosmonautas conseguiram ver a Terra como uma unidade. Saímos do sistema e começamos a utilizar muitas coisas fora do nosso alcance. Isso trouxe um enorme salto tecnológico, mas ainda não existencial.
Uma vez entendido que cabe ao Sol, e não à Lua, nos iluminar, jamais desejaremos retornar à luz lunar. Mas, para que isto aconteça, temos que nos firmar no centro que está fora da nossa presença física. A Lua é muito possessiva, sedutora e não quer que nos libertemos de sua influência, que é prazerosa, conhecida e protetora. Então tendemos a voltar ao seu domínio, porém sentindo enorme saudade do Sol, buscando para sempre o caminho de volta.
Atualmente parecemos crianças trocando o dia pela noite. De dia vivemos uma grande agitação, nossa vida material toma conta de tudo, corremos nos processos, numa sucessão de estados ou mudanças, fragmentados. O cotidiano nos absorve, a luz lunar ilumina o nosso dia! À noite, no entanto, nos libertamos, entrando em contato com o nosso verdadeiro EU, chamado Gestor Mental. A luz do Sol aparece, porém estamos dormindo… Ao acordarmos, quando nos lembramos de nossos sonhos, recordamo-nos de algumas premonições, alguns processos ficam mais claros. E, assim, vamos vivendo sob a luz da Lua de dia e sob a do Sol à noite.
O ser humano busca entender o seu inconsciente, tenta penetrar na luz solar a partir da noite, utilizando os sonhos ou outras manifestações inerentes ao uso dessa luz. Temos urgentemente que inverter esta situação. De nada nos adianta viver sob o Sol à noite.
Só o contato permanente com o Gestor Mental irá corrigir isto. Passaremos a viver a nossa unidade, abastecida e dirigida por ele, que é capaz de nos guiar com coragem no nosso meio ambiente. A Lua permanecerá em seu lugar, iluminando processos em que nem sempre estamos presentes, mas, com certeza, ela deverá movimentar-se com o nosso Sol. A Lua, como reflexo, reproduzirá o que queremos, pois somos os Gestores.
Descobrimos que o Sistema Solar é parte de uma Galáxia, que gira em torno de um outro Sol muito mais potente que o nosso, conseguindo iluminar vários Sistemas Solares. Mas para isso temos que nos ver como unidade independente e fora do nosso sistema. Ao atingi-la, conseguiremos ver o Sistema Solar como uma coisa só. Estaremos vendo algo muito maior. É evidente que esta luz ainda está muito distante de nós, mas ela certamente existe e será importantíssima num futuro bastante próximo.
Os tempos da Humanidade Solar estão chegando. Estamos caminhando rumo ao Sol, pois já sabemos que ele existe através dos avanços tecnológicos. Basta descobri-lo dentro de nós mesmos!
O ingresso para a Civilização Solar somente é viável a quem descobre sua própria luz, o seu próprio Sol. Quando todos tiverem acesso a essa luz, não haverá a necessidade de leis, normas ou conceitos, pois a Realidade Objetiva será enxergada da mesma maneira. Isso vai eliminar guerras, conflitos e injustiças, já que a percepção comum do que precisa ser mudado traz a possibilidade de soluções práticas, que poderão sanar os problemas.