A Copa do Mundo continua linda! Como moro fora do Brasil, futebol-soccer só acompanho durante férias no Brasil ou durante a Copa. Não sei de nada antes da Copa, escalação, técnico, chaves, rankings; tampouco sabia sobre a tragédia da construção dos estádios no Catar. Estima-se que 2 mil trabalhadores morreram, um assombro. Esse horror me incentivou a apreciar a Copa ainda mais. A mortes não foram em vão; mais do que nunca eu apreciaria a Copa, a alegria da Copa é o oposto desse absurdo. Trinta e dois países se encontram, torcidas unidas, todas as raças, idiomas, religiões por quatro semanas dividem a paixão pelos jogos, a alegria de assistir a um futebol bonito, disputado, jogadores viram deuses em campo, países dos quais pouco ouvimos falar entram com intensidade na nossa vida, é uma festa. Eu assisti a 90% dos jogos. A França, como de costume, assustou de cara. Estava com um time fulminante. Eu e meu irmão dividíamos uma crescente apreensão por esse rival implacável do Brasil. Era whats para tudo que é lado.
Em um sábado durante a Copa, fui à missa na “minha” igreja maravilhosa, perto de casa. Esta igreja já apareceu em duas séries de sucesso na Netflix. Durante a missa, apareceu um padre novo, era um aprendiz, um tipo de assistente que, ao abrir a boca, entregou que era francês. Ali sentada na frente do Cristo crucificado planejei meu ataque. Um ataque decisivo à la gol de Zico na boca da área, de primeira, gol que arrebenta a rede. Na saída da missa, no hall da igreja, conversei com o padre, em francês: você é francês… ah, você fala francês? Este meu sotaque… sim, o seu sotaque, eu tenho assistido aos jogos da Copa, eu sou brasileira, amo futebol, a França tem jogado muito bem… Ah sim, a Copa. Pausei. Como numa cobrança de pênalti, respirei fundo e mandei ver, em inglês (não tinha francês suficiente): Watch out. We are going to beat the shit out of you this time. Falei de boca cheia, foi um golaço; o padre caiu na gargalhada e correu para dentro da igreja. Do foyer, vi outra imagem de Cristo, dessa vez ele sorria. Contei a história para o meu irmão, que concordou comigo; era um sinal, iríamos ganhar da França! O Brasil não jogou contra a França, marcaram bobeira no último minuto de jogo contra a Croácia. Mas a brasileira botou o padre francês para correr.