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Alquimia, a arte de Hermes

Os princípios alquímicos podem ser encontrados nos livros taoistas, na literatura tântrica e nos antigos tratados tibetanos. Em linhas gerais, a compreensão da filosofia alquímica torna consciente o sentido da unidade cósmica, vivenciada nas manifestações práticas desse conhecimento. 

O trabalho prático do alquimista, chamado magistério, destinava-se a encontrar uma substância extraordinária, a Pedra Filosofal, que tinha a propriedade de transmutar em ouro qualquer metal em fusão.

É interessante notar que os alquimistas não trabalhavam em grupos − eram sempre solitários. Seu contato com as pessoas acontecia através de livros, embora esses fossem escritos em linguagem simbólica.

Conforme Roger Bacon, alquimista e monge britânico (1211 – 1294), “a alquimia é a ciência que ensina a preparar um certo medicamento ou elixir, o qual sendo projetado sobre metais imperfeitos lhes comunica a perfeição no momento mesmo de projeção.”

Ninguém conhece com exatidão as origens desse conhecimento. A China, o Egito, o Oriente Médio e a Grécia são tidos como os lugares mais antigos de sua existência. Os alquimistas deixaram seu legado às gerações futuras numa literatura específica, expressa por meio de símbolos (desenhos), arquitetura e poesias, além de palavras de origem alquímica.

Mesmo sem uma origem certa, a tradição considera Hermes, um deus ou grande Mestre, também conhecido no antigo Egito como deus Toth, o pai da arte alquímica. Seu nome ficou imortalizado como sinônimo da arte hermética. Por isso, quando queremos ressalvar a necessidade de vácuo em recipiente, dizemos: “hermeticamente fechado”. 

Hermes deixou inúmeros tratados alquímicos, sendo o principal e o mais famoso deles a Tábua de Esmeralda. Diz a lenda que o texto foi encontrado pelos soldados de Alexandre, o Grande nas profundezas da Grande Pirâmide de Gizé, que nada mais seria do que o túmulo de Hermes com sinais inscritos numa tábua de esmeraldas.

A principal escola grega da arte hermética foi fundada por Zózimo em Alexandria no início do século IV d.C. Nessa mesma época, Maria, a Judia, uma famosa alquimista, descobriu o “banho-maria”, que hoje usamos com tanta frequência, sem desconfiar da origem de seu nome.

A alquimia árabe, que surgiu no século V, assumiu a dianteira no desenvolvimento da arte hermética. Numerosas palavras dessa alquimia passaram à linguagem corrente, tais como: “elixir”, “álcool” e “alambique”, além do próprio termo “alquimia”, que vem do egípcio “khemeia” e do árabe “el”, significando “ciência da terra negra”, ou seja, da matéria-prima e original.

O grande alquimista Geber, que viveu no século VIII, foi considerado o maior de sua época. Sua influência foi fundamental à ciência, à literatura e à vida espiritual, pois foi um dos fundadores do sufismo, uma escola espiritualista islâmica.

Na Europa, a alquimia foi introduzida nos séculos XI e XII. Seus principais alquimistas, como, por exemplo, Roger Bacon, Nicolas Flamel, Alberto, o Grande, Tomás de Aquino, Basílio Valentim, Raimundo Lullo, Irineu Philalèthe, Arnaldo de Villeneuve, Paracelso, Conde de Saint-Germain e Fulcanelli, não apenas desenvolveram a arte hermética como também deram enorme contribuição à química, à medicina e à metalurgia.

Os indivíduos que lidavam com a alquimia eram normalmente divididos em três categorias: adeptos, alquimistas e sopradores.

Os sopradores, desconhecendo a simbologia dos nomes, colocavam qualquer coisa em seus cadinhos ou em suas retortas. Seus laboratórios eram complexos e ineficientes. Em sua ignorância, eles queriam substituir a lenta ação do tempo pelo ardor de seus fogareiros; então, com frequência, uma explosão dava cabo a uma experiência e à existência do aprendiz de feiticeiro. Isso se assemelha às empresas que nascem e morrem rápido, assim que entram em contato com o mundo real. Os sopradores tinham objetivos materiais claros: queriam produzir muito ouro para conseguir prestígio e poder. Podemos compará-los a pessoas que trabalham apenas para enriquecer, utilizando-se de todos os meios para isso. 

Os alquimistas podem ser considerados investigadores independentes. Seu conhecimento, embora bastante teórico, era muito mais amplo que o dos sopradores. Os alquimistas sabiam que a transmutação era perfeitamente possível por vias químicas ordinárias, sem a necessidade de energias fantásticas, como as liberadas pela física moderna, e pretendiam, algum dia, experimentar isso na prática. Com o intuito de imitar a Natureza, em sua lenta evolução, os alquimistas procediam a intermináveis operações, que podiam durar meses ou anos. Alguns alquimistas, como, por exemplo, Paracelso, enriqueceram muito a nomenclatura química de novos e importantes termos, mas esses eram apenas experiências secundárias, sem ligação direta com o magistério filosofal.

O verdadeiro adepto sabia com exatidão quais eram os corpos naturais necessários para a elaboração da Pedra; por conseguinte, não havia, senão raramente, a necessidade de se entregar a pesquisas puramente químicas.

Frequentemente o adepto que por alguma razão não conseguia concluir a conquista do magistério deixava o encargo de seu término a seus discípulos, que disputavam a honra de levá-lo até o fim. 

A Alquimia é uma das ciências que influenciou a Teoria da Abrangência. O entendimento das 3 Redes Gerenciais como a base de funcionamento do Gestor Pessoal torna possível a compreensão da essência de qualquer criação humana. Com o conhecimento da proporção correta entre as redes, é possível efetuar a transformação de qualquer elemento, inclusive, do ser humano.

Sofia Mountian
Criadora da Teoria da Abrangência, fundadora do Instituto Solaris, presidente da ONG Solaris e uma das sócias da Plênita Consultoria. Sofia escreve mensalmente na Revista Solaris.
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