revista solaris

Boa sorte!

A sorte e o azar sempre surgem em função de algo imprevisível. A pessoa vive tranquilamente e, de repente, surge algo que muda sua vida por completo. Uma nova possibilidade, antes inimaginável, começa a fazer parte de seu cotidiano, como algo que veio para ficar, sem necessidade de se fazer uma escolha.

O assunto chega como uma novidade casual. A pessoa aparentemente não fez nenhum esforço para isso. Estava apenas no lugar certo e na hora certa, sendo praticamente escolhida pela oportunidade. O mesmo acontece com a má sorte. Só que, nesse caso, a pessoa estava no lugar e na hora errada. De todo modo, o impossível, o imprevisível aconteceu e deu permissão para que uma nova oportunidade pudesse existir.

Parece algo que independe da pessoa, que simplesmente acontece. Mas será verdade?

Existem 3 fatores que podem ajudar a atrair o imprevisível, que vulgarmente chamamos de sorte.

  1. Manter a conexão com fontes vitais interiores
    O ser humano, além da mente consciente, tem permissão para usar fontes internas de energia que são inesgotáveis. É um verdadeiro tesouro que vai além das palavras. É o acesso a um mundo que está acima da inteligência humana; é o trabalho com o SER, a parte mental subordinada às fontes espirituais. Costumamos usa a expressão “ser humano” sem entender o significado da palavra SER. SER é a ponte entre o mundo espiritual e o cotidiano, que parece tão poderoso, hostil a qualquer manifestação individual. Porém, uma vez estabelecida a ponte de ligação, a pessoa cresce imensamente em sua intensidade energética e consegue utilizá-la em qualquer momento de sua vida. Quem aprender isso jamais se sentirá só e abandonado. Essa energia extra, tão útil é poderosa, não necessita de nenhum esforço físico para ser acessada. O contato com o SER traz confiança, tolerância e serenidade ao seu mundo interior.
  2. Estar em paz e harmonia
    Estar em paz e harmonia é um fator fundamental para se eliminar o dilema da escolha entre o Bem o Mal. Esse estado de ânimo gera dualidade e impossibilita a visão de totalidade. A paz somente existe quando há possibilidade de se estar junto sem perder a liberdade de ser diferente. A convivência em um meio ambiente é determinada pela aceitação de, no mínimo, dois participantes de estarem juntos, por sua própria vontade, mantendo a liberdade e as diferenças individuais. A convivência acontece sem perda de unidade. Somente assim é possível se produzir harmonia no ambiente. A harmonia deve ser mantida em todas as áreas da vida (sem agressão, com tranquilidade e grande amor, principalmente por si próprio), sem necessidade de nenhum esforço, nem persistência. Nesse momento, a energia cósmica dá uma força, causando a impressão de que a pessoa está sob a ação da “boa sorte”. Na verdade, quando há harmonia, tudo toma o seu devido lugar. As soluções para quaisquer problemas começam a aparecer, pela ordem natural das coisas, sem interferência do mundo exterior.
  3. Não pensar em vão e não julgar
    Este fator talvez seja o mais difícil, pois nossa cabeça está sempre cheia de pensamentos que nem sempre são relevantes para a atividade que se desenvolve em dado momento. Essa situação gera dificuldade de se estar por inteiro no local. Em geral, não aceitamos simplesmente o que acontece, julgando a tudo e todos, como se tivéssemos permissão para mudar algo num local que, na verdade, não nos pertence. À medida que a pessoa atua conforme sua função, com permissão, sem necessidade de justificar sua escolha, ela simplesmente está presente. As demais pessoas que não estão nesse estado não têm visibilidade nem foco, portanto a oportunidade não só ignora a presença delas, como também é ignorada por elas.

Para concluir, recito um antigo conto taoista chamado Talvez sobre um velho fazendeiro que trabalhou em seu campo por anos.

Um dia seu cavalo fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo.
“Que má sorte!” eles disseram solidariamente.
“Talvez”, o fazendeiro calmamente replicou.
Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.
“Que maravilhoso!”, os vizinhos exclamaram.
“Talvez”, replicou o velho homem.
No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna.
Os vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna.
“Que pena”, disseram.
“Talvez”, respondeu o fazendeiro.
No próximo dia, oficiais militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço militar obrigatório, pois entrariam em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava com a perna quebrada, eles o dispensaram.
Os vizinhos congratularam o fazendeiro pela forma com que as coisas tinham se virado a seu favor.
O velho olhou para eles e disse com um leve sorriso:
“Talvez.”
(Autor desconhecido.)

Sofia Mountian
Criadora da Teoria da Abrangência, fundadora do Instituto Solaris, presidente da ONG Solaris e uma das sócias da Plênita Consultoria. Sofia escreve mensalmente na Revista Solaris.
Compartilhe:

veja também

edições anteriores

outros títulos do autor

Núcleo de informação

No número 2 de 2024 da Revista Solaris foi publicado um artigo meu intitulado “Uma

Spinoza

Baruch Spinoza, nascido em 1632, em Amsterdã, e morto em Haia em 21 de fevereiro

Sabedoria de Hipócrates

Hipócrates, famoso médico grego, é considerado pai da medicina ocidental. Pelos padrões da época, teve

Mentoria

A Mentoria, a prática milenar de compartilhar conhecimento e experiência, tem se destacado como uma

Envelhecimento

O envelhecimento é um tema que vem sendo bastante discutido. A expectativa de vida aumentou