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É possível ser feliz no mundo hoje?

É possível ser feliz no mundo hoje?
A pandemia está durando muito e estamos vendo sinais de esgotamento nas pessoas. Eu mesma estou desde março sem sair de casa para nada e estou sentindo falta de contato, principalmente com familiares (filhos e netos) e com amigos. As notícias, sejam do Brasil ou do mundo, são tão tenebrosas e assustadoras que não alimentam em nada a nossa alma. O que estou fazendo? Cuidando de mim, ficando no HARA, fazendo o STOP quando me irrito (na maioria das vezes me irrito comigo mesma), estudando assuntos novos e antigos do Solaris, fazendo as práticas diárias, os mantras, etc. E, quando posso, ajudo financeiramente meus filhos e pessoas ou entidades que cuidam de outras que estão passando por dificuldades. É um momento difícil.

Neste mundo, existe lugar para nós ? Podemos ser felizes hoje? O que é felicidade?

Discutimos o assunto em aula do Solaris e tenho algumas anotações que quero compartilhar aqui, para reflexão. As pessoas têm muitas opiniões a respeito: alguns se dizem felizes porque gostam da vida que levam, do que fazem, do trabalho, gostam de onde moram, têm família e amigos. Outros dizem que felicidade é estar bem consigo próprio(a), outros ainda falam da confiança de que tudo vai dar certo, que existem momentos de felicidade e que felicidade é aceitação, e mesmo na tristeza você pode encontrá-la (por exemplo, seu pai está doente e você se sente feliz por poder cuidar dele). Todos podem estar certos de alguma maneira.

Sofia analisou a questão sob a luz do conhecimento e refletiu sobre o tema com objetividade. A felicidade é uma emoção que sentimos. Ela tem a ver com motivação, que se expressa em três formas: individual, grupal e institucional.

A motivação individual depende só de você. Desperta o amor por si e realiza o que quer. A motivação grupal depende do grupo a que pertence. Convive com pessoas e realiza em conjunto. O que une as pessoas é a alegria de estarem juntas. A motivação institucional lida com emoções permanentes, que não passam. É aqui que entra a felicidade. A felicidade de pertencer a alguma coisa e de cuidar disso. Por exemplo, a pátria. A felicidade está ligada a algo essencial e duradouro. Quando se tem um filho, por exemplo, você sente uma emoção inabalável em relação a ele. Esta felicidade torna-se uma razão para viver. Há continuidade e você tem alguém para cuidar. Outro exemplo é um animal de estimação, ele dá um trabalhão, mas você tem a felicidade de cuidar dele, de cuidar da vida. A família, enquanto existe dependência, é permanente. Mãe é permanente.

A felicidade não é nada pomposa, é mais simples: significa pertencer a algo que traz proteção e plenitude, que dá sentido à vida. É algo meu, que será cuidado por mim, e você cuida porque quer. Pessoas religiosas podem ser felizes porque têm uma conexão.

Existem posturas fundamentais para se ter felicidade: serenidade, relaxamento, estar em paz e sem dor; utilizar o Hara, pois ele vai se conectar com sua capacidade de agir, de atuar no mundo; confiança na conexão com o alto, estar com a mente vazia.

Felicidade é não perder o contato com o alto, é ter a sensação de estar vivo e de estar bem com o corpo. Segundo o filósofo Epicuro, felicidade é ausência de dor. O que nós temos de permanente é o nosso corpo, por isso precisamos cuidar bem dele. É um dever zelar por si, estar bem e livre de doenças.

Meditar não traz felicidade, pois a meditação é mental. A meditação é importante porque você sente seu poder mental. Cada vez que medita, você consegue ter acesso a alguns fenômenos diferentes, como cor, som, luz, etc. O objetivo principal da meditação é atingir uma vibração maior, desenvolver o poder da mente para utilizar bem a consciência. A quem tem um pouco de força mental e sofre de uma doença a meditação pode ajudar na cura. Meditar esvazia a cabeça e é condição para se desapegar dos pensamentos.

Mas meditar para a paz mundial, embora seja bom, não vai surtir efeito de forma isolada. É preciso de uma egrégora para conseguir uma vibração elevada. Meditar não vai melhorar o mundo, mas pode ajudar a melhorar a sua volta a partir de você, o meio ambiente onde você está. Então meditar para vencer a situação que vivemos é bobagem, só perda de energia. Você medita para você mesmo(a), para manter o contato com a Mente Universal, para limpar a mente de pensamentos inúteis, para se lembrar do Hara e ficar no eixo. Quer dizer, mais do que nunca ela é necessária em conjunto com outras atitudes, pois é preciso tratar de si com cuidado, aumentar as práticas, se necessário, zelar pela saúde, pelo corpo, fazendo exercícios e mantendo certa rotina de atividades cotidianas. Exercer a criatividade, não se perder em pensamentos, como a consideração, a identificação e manias, manter a curiosidade e aprender a se adaptar ao novo, às mudanças que vêm rapidamente. E conservar o otimismo, apesar de tudo, confiando no Alto e na ideia de que a Humanidade encontrará soluções para os problemas que ela mesmo criou.

Emília Lopes
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