A sociedade moderna, aliás, qualquer sociedade humana organizada pode ser vista através de três grandes pilares.
O primeiro pilar envolve as instituições que cuidam da humanidade como um todo, e não de uma pessoa. Cuidam e protegem a população. Estou falando das instituições coletivas, como a polícia, o exército, as organizações religiosas, as associações governamentais, os poderes legislativo e judiciário, enfim, das instituições que desde os primórdios da humanidade são responsáveis pela organização da sociedade.
Além disso, existem organizações econômicas que possibilitam a sobrevivência das pessoas por meio da produção e da comercialização daquilo que foi produzido. Na sociedade moderna, a sobrevivência vem através de um trabalho remunerado (bem ou mal). Não se espera que, nesse pilar, haja proteção. Ninguém pode garantir um emprego vitalício. As instituições que cuidam deste pilar, embora necessárias, são baseadas na destruição. Sabemos que, para a elaboração de qualquer produto, algo precisa ser destruído. A necessidade deste produto é 100% humana, baseada na produção e no consumo. Produzir e consumir. A degradação que vem assolando o meio ambiente decorre principalmente dessa necessidade. Os inúmeros produtos, muitas vezes inúteis, possibilitam toda espécie de atividades humanas, sem pensar no ambiente ou nas espécies sacrificadas para esse fim.
Existe ainda outro pilar, também muito importante, responsável pela existência da sociedade moderna. Trata-se da ciência e da tecnologia, que são a base de nosso desenvolvimento contínuo. Sem essa esfera da realidade, nós, humanos, viveríamos como nossos ancestrais primitivos.
São esses os três pilares fundamentais para a sociedade humana atual que, em conjunto, chamamos de Lei Geral. Na Lei Geral estão incluídas atividades que abrangem todas as pessoas e que foram criadas exclusivamente para elas.
A Lei Geral não funciona para as outras espécies vivas. Por mais que eu queira impor a um macaco que ele levante às sete horas da manhã, ele fará do jeito que quer, será sempre do jeito dele. A aprendizagem e o desenvolvimento é o grande privilégio da espécie humana.
Para funcionar, a Lei Geral deve contar com possibilidades existenciais. Podemos afirmar que ela não seria possível sem as condições de vida no Planeta Terra. O ser humano se autoproclamou a espécie mais importante do planeta e assumiu o direito de expulsar todas as demais, modificar a geografia, criar fronteiras e impor leis que só fazem sentido para ele próprio. Esqueceu que tudo faz parte da natureza, esqueceu que a Terra pode dar de dizer: eu não quero mais você aqui, farei minhas mudanças e o expulsarei.
Os três pilares podem ser representados no seguinte triângulo:
A força das instituições tradicionais é conservadora. Cabe a ela manter a estabilidade da sociedade. A força das instituições socioeconômicas é ativa. Ela necessita de empreendedorismo, iniciativa e coragem e tem uma velocidade que deve ser direcionada, pois não sabe para onde vai.
A força da Ciência e Tecnologia é reguladora, pois sem ela o progresso não se realizaria. Essa força depende do desenvolvimento intelectual da sociedade.
A convivência dessas três grandes forças não é muito fácil. Cada uma tem o seu papel na vida social. A força conservadora procura manter a estabilidade e frear qualquer mudança. Já a força empreendedora responde pelo grau de desenvolvimento da sociedade.
As instituições da Ciência e Tecnologia buscam crescer a partir das invenções humanas. Essa força depende muito da força conservadora, que pode impedir ou mudar o rumo dela.
O ser humano, que depende dos três pilares, tem enorme importância para a Lei Geral, para qualquer instituição, mas não como indivíduo, e sim de acordo com sua utilidade específica.
Para poder sobreviver e progredir na Lei Geral, é importante saber ser útil, saber se virar e fazer parte de alguma instituição. É uma tarefa difícil, pois nenhuma instituição se importa com o indivíduo.
Qualquer pessoa, mesmo a mais bem remunerada, equivale a sua função e pode ser substituída. Todos nós somos meros executores das instituições.
No entanto, a própria Lei Geral começa a sentir falta de alguém capaz de ser o ponto de ligação entre os três pilares institucionais. Surge a figura do gestor, que assume este papel. A gestão se torna indispensável neste mundo tão conturbado.
Dessa maneira, a Lei Geral passa a ser dividida entre gestores e executores. É uma situação facilmente compreendida em uma empresa, mas, no caso dos profissionais liberais, o entendimento não é tão simples. Eles são gestores e, ao mesmo tempo, executores. E indo além: um bom profissional liberal precisa de força nos três pilares, ou não irá progredir.
Uma pessoa que depende 100% da vontade da Lei geral é como um analfabeto, que é mais suscetível, vive amedrontado, com medo de perder seu emprego e depender da aposentadoria.
Quem é completamente dependente da Lei Geral tem medo, pois se sente tão pequeno diante de um Banco do Brasil, por exemplo. E se questiona: quem sou eu? Ao perder um emprego, sente-se fora das instituições. A Lei Geral falou de repente, depois de anos de dedicação: eu não te quero mais. A nossa sociedade é cruel, porém existe saída, já que a própria Lei Geral aplaude quando encontra alguém com um grau existencial elevado, que não se perde dentro dela.
No Solaris, trabalhamos com a descoberta do Gestor Pessoal, que tem a função de tornar o indivíduo menos suscetível aos caprichos da Lei Geral, de prepará-lo para virar o comandante da própria vida, mandando nos seus pensamentos e principalmente nas suas emoções, sendo responsável pela sua saúde e pelas suas atitudes.
Assim, nós nos tornamos confiantes da nossa capacidade de nos virarmos no mundo. Porque somos realmente gestores. Temos uma rapidez mental diferente e uma capacidade de arriscar diferente, pois são baseadas em uma percepção de realidade muito mais objetiva. Conseguimos ter mais tolerância, pois conhecemos nossos próprios defeitos.
O contato com o Gestor Pessoal desperta o lado espiritual e enriquece os processos pessoais e profissionais com uma poderosa energia de inovação. É a possibilidade de sermos independentes. Nada disso, porém, vem sozinho. É importante que haja um esforço consciente. Embora trabalhoso, é um percurso extremamente libertador.