
A longevidade talvez seja uma das maiores aspirações do homem moderno, ainda mais com tantas tecnologias e novidades das ciências. Mas quais os segredos de uma vida longa?
Vamos lá a 3 relatos, no mínimo curiosos, de pessoas longevas. E as conclusões tirem vocês mesmos.
Jeanne Louise Calment: 121 anos
No livro Decida você como e quanto viver (Ed. Saúde e Letras, 2008), o médico e ex-Ministro da Saúde Renato Maia Guimarães cita o caso de Jeanne Louise Calment, que viveu até os 121 (comprovados por documento). Jeanne morreu em 1997 oficialmente como a pessoa mais longeva do mundo. Deus a havia esquecido, como ela costumava dizer.
Vamos aos fatos: Jeanne Louise andou de bicicleta até os 100, era fumante e comia chocolate sem parar (1kg por semana!). Sobre a bicicleta e até mesmo o chocolate, ainda vá lá. Mas e o tabaco?
A genética foi um ponto positivo, explica Maia, pois o pai de Jeanne viveu até os 94 anos, e a mãe até os 86 (isso no século 19, quanto a expectativa de vida era muito mais baixa).
Então, que dizer? Segundo Renato Maia: “30% creditado aos genes, 20% às condições históricas (quem nasce em área de guerra pode não ir muito longe), sociais (um bom berço faz diferença) e psicológicas: os otimistas vivem mais ou, pelo menos, pensam que vão conseguir. Os outros 50% dependem da cada um de nós (…)”1. Dependem de cada um de nós…
Lama de Latchen: 400 anos
Em Mistérios e Magias do Tibete (Livraria Freitas Bastis, 1984, 4ª.ed.), Chiang Sing conta o encontro que teve com o Lama de Latchen em seu mosteiro.
Ela se lembra de seu “sorriso manso”, de quem encontrou a paz. O rosto era “magro e anguloso”, de um bronze-polido. Ao redor dos olhinhos vivos, surgiam pequenas rugas. Os cabelos grisalhos conservavam-se numa longa trança, “à maneira chinesa”. Na cabeça, “um chapéu de seda amarelo, pontudo como a mitra do Papa”. Ela olhou para ele e lembrou as palavras do Abade do mosteiro de Kargyompa: “ – Meu mestre, o Lama de Latchen, vive ainda, apesar dos seus 400 anos de idade…”
Sing se questionou: “Será realmente possível que alguém viva 400 anos? E poderia um velho dessa idade matusalêmica ter a aparência de um homem de 60?”
E Kazi, discípulo do Lama, disse depois: “Talvez, minha jovem senhora! Há séculos que o Lama Trinadzin ilumina, com a sua presença, as regiões do Himalaia…” (SING, p.68)
Que dizer? Sing lembra no seu relato que os Lamas só comem uma vez ao dia, e nunca à noite…
Li Ching Yun: 197 anos (ou 256)
Quando em 1933 faleceu Lin Chin Yun, um taoista e herbalista chinês, a notícia correu o mundo: Li Chin tinha vivido até os 197 anos (pelo que ele lembrava).
O acontecimento foi noticiado pela Times do dia 15 de maio de 1933
http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,745510,00.html :
“Na província de Szechwan na China viveu até semana passada Li Ching-yun (…) Conforme seu próprio relato, ele nascera em 1736, tendo vivido 197 anos”. O segredo de sua longevidade? “Manter o coração tranquilo, sentar-se como uma tartaruga, andar disposto como um pombo e dormir como um cachorro”. O título do artigo: “CHINA: Tortoise-Pigeon-Dog”. (CHINA: Tartaruga-Pombo-Cachorro).
A Times afirmou ainda que, conforme sua certidão de nascimento, Li na verdade teria nascido em 1677 e contaria, portanto, não com 197 anos, mas com 256 (a diferença foi explicada por um lapso de memória do ancião). Li, segundo consta, teve 23 esposas e 180 filhos.
Seus biógrafos dizem que aos 10 anos, sabendo ler e escrever, Li já tinha conhecido vários povoados da China, sempre colhendo ervas. Continuou a fazer suas viagens até os 100, e depois passou a comercializar o que os outros colhiam.
Em 1748, com 71 anos, ele entrou no exercito chinês como professor de táticas de guerra. Em 1927, já com 179, visitou o general Yang Sen, de 43 anos, em sua província natal. O general contou que ficara encantado com a aparência jovial de Li, com sua força e coragem. Foi nesse encontro em que a famosa foto de Li, ou possivelmente a única, foi tirada. O general o descreveu: “Ele tem boa visão (…) uns sete pés de altura e o rosto corado.” [1 pé = 30,48cm, ou seja, mais de 2 metros]
Até hoje, não se sabe ao certo o motivo da morte de Li, dizem que faleceu de causas naturais e depois de ter pronunciado: “Eu fiz tudo o que devia neste mundo. Agora vou voltar para casa.”
Peter Kelder, em A fonte da juventude (Ed. Best-Seller), cita uma história que ouviu de um dos discípulos de Li, o mestre de Tai Chi Chuan Da Liu. O mestre Da Liu lhe contou que com 130 anos Li conhecera um eremita que lhe ensinara o Chi Kung. Desde então, Li praticou os exercícios cotidianamente, sempre disposto e dedicado, e por 120 anos. Li Ching Yun viveu nas montanhas por toda a vida.
Que dizer? Respostas não tenho. Mas certamente a vida ativa e o pensamento tranquilo de nossos míticos longevos nos dizem alguma coisa.
1Retirado de: http://portaldoenvelhecimento.org.br/noticias/artigos/a-receita-da-longevidade.html