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Mensagem sobre o filme “Feitiço do Tempo”

O filme “Feitiço do tempo” (Groundhog Day) passa uma mensagem profunda e reflexiva. É um filme de 1993 que tem como protagonista o ator Bill Murray interpretando um repórter do tempo — perdoe-me àqueles que não viram o filme por eventuais spoilers. Nos Estados Unidos, na Pensilvânia, é celebrado o Dia da Marmota no dia 2 de fevereiro. Nesse festival, os americanos perguntam para uma marmota (um roedor semelhante a um preá) se o inverno será intenso ou ameno. É uma espécie de costume bastante apreciado por lá. No dia 2 de fevereiro de 2023, coincidentemente, tive a ideia de comentar esse filme. Uma breve síntese dele: o repórter Phil vive repetidas vezes um mesmo dia, e não há nenhuma explicação para isso. No momento em que percebeu que podia viver naquele dia como bem quisesse, que nunca teria consequências, começou a fazer muitas bobagens. Uma delas foi cair na libertinagem, roubar, tratar mal as pessoas, ou seja, todos os tipos de coisas moralmente reprováveis. Depois de certo tempo, ele se cansou daquela vida extravagante. Percebeu que nada daquilo realmente importava. Tentou conquistar a mulher que amava, mas nunca conseguia e, por causa disso, ficou muito depressivo. Estava numa situação tão ruim que começou a se “matar” todos os dias, de várias formas diferentes, porque queria sair daquela realidade, não aguentava mais viver daquele modo. Até que um dia reparou que um sem-teto havia falecido numa noite fria. Então Phil fez de tudo para que o dia do andarilho fosse o melhor dia da vida dele, já que sabia que seria o último. Pois bem. Phil começa a reparar que existem diversas pessoas que passam por muitos azares no dia em que ficou preso. Pessoas que se machucaram, que sofreram acidentes, que tinham o pneu furado do seu veículo etc. Enfim, ele passou a ajudar e se dedicar a todas as pessoas que via naquele dia, fazendo com que o dia delas fosse o melhor, graças a ele. Desde então, aproveitou para aprender a tocar piano, fazer esculturas de gelo, e muitas outras atividades nas quais se tornou mestre, passando a aceitar a sua realidade. No fim, conquistou todas as pessoas da cidade de forma que, em um dia, tornou-se famoso e amado por todos. E, a partir de então, conseguiu conquistar a mulher de seus sonhos, acordando no dia 3 de fevereiro.

A intenção do diretor era levar entretenimento ao espectador em uma comédia romântica, mas, na verdade, esse filme é uma analogia perfeita do despertar da consciência. Nas primeiras vezes em que o personagem aparece, percebe-se que nada que ele fizesse teria consequências, pois visava apenas a seu prazer. Era um homem muito egoísta. E é isso que muitas vezes vivemos no cotidiano, não nos despertamos para muitas situações que nos envolvem. Sabemos que fazemos parte de uma unidade. Às vezes, ficamos doentes, porque não conseguimos ver a realidade, ficamos desorientados. Depois notamos a verdadeira magia de renascer repetidas vezes: é um sinal para o despertar da consciência, para nos tornarmos pessoas cada vez melhores. É possível nos conectarmos uns com os outros para aprendermos a ficar mais “acordados”. Ficamos sempre melhores quando vivemos na plenitude. Enfim, devemos viver a vida da melhor forma possível, sem prazeres egoicos. Fazer do seu dia sempre o melhor. A reflexão a que o filme nos conduz é: se todos os dias são iguais, se não podemos mudar nada ao nosso redor, devemos mudar a única coisa de que temos controle: a nós mesmos.

Evandro Bezerra do Nascimento
Solariano desde 2007 e Advogado na Área Trabalhista e Cível.
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