O advérbio “melhor” é uma presença constante em nossos pensamentos cotidianos. Buscamos incessantemente melhorias para nossas vidas, seja um emprego mais gratificante, uma casa mais confortável ou até um trajeto mais rápido para o trabalho. Essa busca contínua por algo aprimorado pode, por vezes, nos impedir de enxergar as inúmeras alegrias que permeiam nosso caminho diariamente.
Com certeza, não devemos nos contentar com pouco e sempre podemos aspirar a objetivos e sonhos. Contudo, ao ficarmos fixados no “mais” e no “melhor” como únicas formas de alcançar a felicidade, corremos o risco de negligenciar as inúmeras maravilhas que nos cercam o tempo todo.
À medida que buscamos constantemente algo maior e mais significativo, podemos nos cegar, não ver os momentos de alegria e satisfação que se escondem em detalhes simples do dia a dia. Apreciar uma bela paisagem no caminho para casa, um sorriso espontâneo de alguém querido ou um gesto gentil de um estranho podem trazer felicidade genuína, mesmo que não estejam diretamente ligados a conquistas grandiosas.
Então, antes de nos perdermos na busca incessante pelo “melhor”, podemos escolher adotar uma perspectiva de gratidão e uma consciência no presente, valorizando também o que já é nosso. Isso nos permitirá abraçar a vida com mais leveza, felicidade e satisfação, sabendo que cada instante é valioso à sua maneira. Dessa forma, nos tornamos mais abertos às alegrias que se desenrolam naturalmente ao nosso redor e assim experimentamos uma vida mais plena e significativa.
É sempre importante lembrar que, embora a busca pelo melhor seja válida e motivada, não devemos deixar que ela nos impeça de viver plenamente o presente e apreciar as pequenas dádivas da vida. A felicidade não reside apenas em metas futuras, mas também em como viver o aqui e o agora. Ao abraçarmos esses momentos com gratidão, enriquecendo nossa existência, nós encontramos a verdadeira essência da felicidade.
E, finalmente, apreciemos este conto, de autoria desconhecida:
“Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade, de fato, um sítio que lhe dava muito trabalho e despesa. Reclamava que era um homem sem sorte, pois as suas propriedades davam-lhe muitas dores de cabeça e não valia a pena conservá-las. Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda do seu sítio, pois acreditava que, se ele descrevesse a sua propriedade com palavras bonitas, seria muito fácil vendê-la.
E assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto:
‘Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda’.
Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.
‘Nem pensei mais nisso’, respondeu ele. ‘Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía.'”