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Quarta Surpresa

Cleópatra e Marco Antonio.
Um dos casais mais famosos da história. Ela, então… provavelmente a mais famosa das mulheres.

Fazia tempo que queria assistir ao filme dedicado a ela, a versão com a Elizabeth Taylor e o Richard Burton, produção de Hollywood de 1963. Vi que tem outras, uma com a Sophia Loren, outra com a Vivien Leigh que deve ser demais, e a versão shakespeariana, eu tinha esquecido da peça, Anthony and Cleopatra, com o Charlston Helston. A versão a que eu assisti foi dirigida por Joseph L. Mankiewicz e, apesar dos 4 Oscars que o filme ganhou, eu achei que o Mankiewicz pisou na bola. O IMDB diz que foi uma produção complicadíssima e cada vez mais conturbada com o começo do romance crescente entre a Taylor e o Burton. O filme fracassou financeiramente a ponto de ser considerado o marco do fim da Época Dourada de Hollywood. A Cleópatra que eu imaginava era totalmente diferente da Cleópatra do filme. Muito mais sutil, esperta, a minha conquistava os homens vagarosamente, laçando-os pela inteligência, a sedução num crescendo até a cama. E ela não era desesperada. Na versão de 63, pouco depois de conhecer o Júlio César, encenado pelo sempre maravilhoso Rex Harrison, a Taylor já aparece na cama, convidando César para a acompanhar. Ela teve 2 grandes falas no filme inteiro, o que eu achei pouco, uma sobre estratégias militares e outra sobre o incêndio da biblioteca de Alexandria. Fiquei surpresa com o romance do filme. Eu pensei que o Burton e a Taylor fossem pegar fogo na tela, mas achei uma chatice o romance deles. Bom mesmo foi ver o Burton; ele lembra meu pai, um gato.

Agora, a próxima menina, jovem ou mulher que fantasiar ser a Cleópatra tem de lembrar a tragédia que foi a vida dela; casou com o irmão e depois o matou, casou com Júlio César, que já era casado, o que enfureceu os romanos de tal maneira, que o esfaquearam num dos episódios mais horríveis da história, teve um caso com um outro homem casado, com quem se suicidou. Achei curioso ler os escritores da época, romanos que de cara escracharam com ela, eles a chamavam de meretrix regina, “a rainha puta” (Propertius, Poems, III.11.39). Eu continuo no time Cleópatra. Vou assistir a todas as outras versões e ler mais sobre ela. Esse telefone celular que você carrega tem poderes que ela jamais sonhou em ter. Ela esperava meses para receber cartas dos maridos.

Daniela Pompeu
Daniela Pompeu, brasileira-americana, neta, filha, sobrinha e irmã de jornalistas, mora em Los Angeles, Califórnia. Graduada em Inglês pelo Hunter College, Nova Iorque, com especialização em Literatura Medieval. Formada em Acting pelo Catherine Gaffigan Studio of Acting, Nova Iorque. Escreve um blog semanal: www.danielawrites.net . Autora dos livros "Tea with Dani", "It's with H, Sir" e "Never Let a Good Crisis Go to Waste, I Can't Stand the Bull Crap".
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