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Sintomas de desequilíbrio comportamental

Tempos difíceis. Parece que tudo está sendo colocado à prova. É muito difícil estar em equilíbrio.

Quando não estamos bem, procuramos não deixar que isso transpareça. Mas, em muitos casos, torna-se impossível escondê-lo, pois o nosso comportamento revela de imediato que existe algo em desequilíbrio.

Vamos, portanto, refletir um pouco sobre a origem das emoções.

Emoção proveniente de descontrole emocional

Procuramos guardar no nosso interior emoções negativas como culpa, irritação, medo, tristeza, cólera, raiva, ira, vingança e frustração, mas elas estão sempre prontas para aparecer. O descontrole emocional surge pela expressão, sem motivo aparente, dessas emoções. A pessoa fica irritada, triste ou com raiva sem uma determinada causa. Em decorrência disso, o contato com os outros fica contaminado com amargura ou irritação. Todos notam o descontrole emocional, com consequências desastrosas para a personagem principal. Cada um que foi ofendido tem o seu entendimento sobre o acontecido. Muitas vezes reage negativamente ou guardando raiva.

Resumindo: sempre que houver a manifestação de uma emoção negativa, o comportamento do indivíduo será contaminado com ela, além de ele gerar uma péssima impressão no mundo.

Emoção proveniente de mentira

A mentira advém de uma de nossas grandes questões: a vontade de enfeitar o discurso ou, como dizem, de dourar a pílula esbarra na incapacidade ou na impossibilidade de executar a promessa. Essa atitude contraditória, e tão habitual, revela que não estamos enxergando o que ocorre na realidade.

O principal é saber que, se esquecemos facilmente nossas promessas, as pessoas a quem prometemos algo jamais o fazem! Essa situação certamente traz consequências ruins, visto que a pessoa perde credibilidade e gera frustração no outro.

A mentira ou omissão são tão comuns que, assim que somos pegos nela, tentamos justificá-la com outras mentiras ou a negamos.

Existem mentiras e mentiras. Uma pequena mentira, normalmente no âmbito pessoal, parece até perdoável, pois lhe não faltam justificativas razoáveis. Embora nocivas, suas consequências são mais limitadas.

Mas existem mentiras monstruosas, no âmbito coletivo, que começam a ser plantadas por propagandas oficiais, com eloquência e sem base em fatos reais. O pior é que esse tipo de mentira, cuja lógica é justificar a ação dos poderosos, não raro é aceito pelas pessoas.

Não é fácil combater uma grande mentira. É preciso de coragem e independência individual. Elas normalmente são baseadas em fatos que desconhecemos. Acreditamos nas mais variadas teorias de conspiração, por mais absurdas que pareçam.

Quando existe uma quantidade significativa de grandes mentiras com poder governamental, as pessoas comuns devem se preparar para mudanças, pois suas vidas serão afetadas.

Emoção proveniente de falta de foco no assunto desenvolvido no local

Sem manter conexão com a razão da existência do local e da conversa que ali se desenrola, existe perda de compreensão. Na falta de foco, começamos a falar desordenadamente sobre diversos assuntos, sem perceber que o interlocutor não tem nenhum interesse neles ou que não os está absorvendo. Também imediatamente demonstramos nossa ignorância no assunto discutido, despertando irritação em todos.

O fato de falar como um tagarela sobre assuntos não relacionados com o local demonstra desequilíbrio comportamental. Algumas vezes, se fala demais para disfarçar a timidez. Outras vezes, o assunto de seu interesse pessoal prevalece.

Em qualquer caso, a pessoa aborrece a todos ao redor, sem que ela mesma perceba a razão disso, comportando-se como vítima.

Emoção proveniente de agressividade e até de violência

O descontrole pode provocar violência e agressividade.

A violência começa pelo verbo, depois passa para a atitude física. Chega-se à violência quando se exclui a razão da existência da realidade, que fugiu do controle e deixou a ignorância prevalecer.

A violência pode se expressar de muitas formas, mas todas elas envolvem algum tipo de descontrole emocional. Muitas vezes agredimos alguém mais fraco para liberar a raiva acumulada existente em nós. Surge a necessidade de mostrarmos nossa superioridade por meio de berros, xingamentos ou palavrões.

Mas também podemos agir contra nós mesmos. Quando desprezamos as reais necessidades do nosso corpo, estamos aplicando nele uma grande violência. Por exemplo, ingerimos alimentos de que gostamos, mas que são nocivos ao nosso organismo, ou mantemos um estilo de vida que provoca estresse e grande desgaste físico. Esse tipo de violência gera doenças, dor e sofrimento.

Tempos complexos liberam não somente agressividade, mas também crueldade e desprezo pelos outros. O comportamento fica alterado. É impossível não percebermos a violência reinante.

Emoção proveniente da indiferença àquilo que acontece no local

Estamos fisicamente presentes, mas sem nos sentirmos pertencentes ao que acontece no local ou até em nossa vida.

É possível se alienar de diversas maneiras. Por meio de substâncias que levam à dependência química, ou simplesmente por se perceber alheio ao que ocorre à sua volta. A alienação não possibilita uma percepção adequada da realidade e gera desvios comportamentais, sem que a pessoa sinta a necessidade de fazer algo para mudar essa situação.

Ela vive conforme suas próprias regras, faz o que acha certo, gerando enorme dificuldade de conviver com os outros. Muitas vezes, para aceitar ajuda e tratamento, deve passar por uma derrocada.

Em todas as situações, é possível encontrar saídas para harmonizar sua vida e suas relações. O importante é tentar perceber que tipo de emoção está gerando o desequilíbrio e, a partir daí, tomar as medidas necessárias. Em todo caso, fazer as práticas solarianas, que envolvem exercícios, “limpezas” e meditações, é um excelente ponto de partida.

Sofia Mountian
Criadora da Teoria da Abrangência, fundadora do Instituto Solaris, presidente da ONG Solaris e uma das sócias da Plênita Consultoria. Sofia escreve mensalmente na Revista Solaris.
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