Muitas pessoas me perguntam sobre a diferença entre TARÔ e TAROT. Vou tentar explicar.
Conheci o Tarô Egípcio no início dos anos 1980 através de um curso rápido, de três dias, ministrado pela Nelise Vieira (obrigada, Nelise!). Adorei o baralho. Não era novata, pois jogava bem o baralho comum, aprendi ainda na Rússia. Comecei a jogar o Tarô como aprendiz.
Ao conhecer o livro do G. O. Mebes Os Arcanos Maiores do Tarô, da editora Pensamento, vi um lado bem diferente deste maravilhoso baralho.
O Tarot dos Boêmios foi bastante divulgado na Europa. Permanece desconhecida a sua origem. Alguns afirmam que o aparecimento do Tarot data do fim do século XIV, na Itália, e tinha fins lúdicos, recreativos e estéticos — os nobres consideravam as lâminas, ornadas com ouro, obras de arte e as usavam como regalo. Há relatos da utilização do baralho como fonte de conhecimento por astrólogos, adivinhas e ocultistas a partir do século XVIII.
Mas o livro de Mebes vai muito além. Começa da seguinte maneira:
“De acordo com a tradição, os sacerdotes de Memphis, prevendo a queda da civilização egípcia, ocultaram seus conhecimentos sob a forma de um baralho que, hoje em dia, é conhecido pelo nome de Tarô e o legaram aos profanos, sabendo que, devido ao hábito do jogo, tais conhecimentos chegariam à posteridade”.
A origem do Tarô nunca poderia ser europeia. As raízes remontam ao Antigo Egito e à Atlântida. Mebes usava TARÔ, ligando o termo com o Grande Arcano da Magia e colocando-o no nível de INRI, nome sagrado do Cristianismo, e IHVH, nome sagrado da Cabala.
Fiquei maravilhada com a profundidade desse conhecimento. O Tarô, conforme Mebes, tem ligação com a Cabala, a Alquimia, com todos os mistérios do Hermetismo e com os jogos.
Portanto, no Solaris, estudamos o Tarô como um instrumento iniciático de aprofundamento nos Mistérios, como um sistema de segredos, envolvendo a Alquimia e a Cabala, sempre conectado com a leitura dos jogos.
No Solaris, não usamos a palavra carta, mas Arcano. Conforme Mebes, ARCANUM, em português ARCANO, é um mistério cujo conhecimento é indispensável para compreender determinado conjunto de fatos, leis e princípios. Sem a decifração de cada Arcano, não podemos penetrar no verdadeiro significado deles.
Seguimos o caminho traçado por Mebes, embora com acesso a mistérios diferentes. O curso completo abrangia quatro anos de estudo. O primeiro ano era dedicado ao aprendizado dos Arcanos, maiores e menores. O curso, pré-iniciático, dividia-se em dez módulos. Eram apresentadas todas as linguagens das Lâminas: a simbologia, as cores, a astrologia, os alfabetos, hebraico e simbólico, os jogos, além dos princípios básicos do esoterismo e autoconhecimento.
A partir do segundo ano, iniciava-se a parte iniciática, ou seja, aquela que não se encontra nas imagens de cada Arcano. Estudávamos o Tarô e a Alquimia — o estudo dos Arcanos como iniciação da linguagem secreta da Alquimia. O terceiro ano estava voltado ao Tarô e à Cabala — o estudo dos Arcanos como iniciação da linguagem secreta da Cabala. O quarto ano discorria sobre a evolução possível ao ser humano pelo estudo dos caminhos evolutivos indicados no Tarô.
É possível afirmar que o Solaris é uma escola iniciática que traz acesso aos Mistérios tanto pelo estudo profundo do Tarô Egípcio quanto da Teoria da Abrangência. A Teoria da Abrangência usa todo o conhecimento contido no Tarô, mas proporciona sua aplicação prática, na vida cotidiana.