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Teimosia ou persistência?

Estava eu completamente entretida na análise de um documento em sua forma física, e por isso usando uma caneta marcadora de texto, quando essa tarefa se tornou uma atividade desafiadora, pois era só pousar a caneta na mesa e meu maravilhoso gato a jogava no chão. Eu a colocava de volta na mesa e ele repetia a façanha.

Foi uma verdadeira disputa para ver quem desistia primeiro. Com minha paciência se encurtando olhei para o bichano e falei brava: “Como você é teimoso”.

Nesse momento me ocorreu uma reflexão. Conheço muitas pessoas ao meu redor que são muito teimosas, parecidas com o meu gato.

E o que é ser uma pessoa teimosa? É aquela que tem dificuldade de ouvir opiniões diferentes das suas e que persiste em ideias e ações mesmo que sejam infrutíferas. Porém, fico confusa quando deparo com um dos sinônimos usados para teimosia, a persistência.

Uma pessoa persistente é aquela que não desiste fácil, é focada em seus objetivos e não se deixa abater por quaisquer críticas negativas. Ela se torna uma pessoa vencedora em seus propósitos.

Amigos, agora fiquei pensativa se esse comportamento persistente é como o de um cientista que reúne pesquisas criando hipóteses e que, testando-as por vários meios, obtém conclusões advindas das evidências conseguidas. Com isso, aprofunda um conhecimento em determinada área. Olho para o meu bichano e penso que ele é teimoso e também persistente em seu comportamento. Será que ele é um cientista!? Claro que não vai me responder, ele não tem consciência do que faz. Ai, ai agora complicou de vez. E o que é ter consciência? Corro para meus filósofos que moram em minha estante: Platão, Nietzsche, Descartes e aos ensinamentos de Gurdjieff. Para dar uma resposta didaticamente simplificada, fico com Descartes e o seu princípio: “penso, logo existo”. Para ele, é através da consciência que sabemos que existimos e que se é, ou seja, uma coisa pensante, uma alma separada do corpo. A consciência surge como o fundamento e modelo de todo o conhecimento.

Paremos por aqui, pois, ao olhar para o meu bichano, ele está tranquilo e, do alto de sua altivez, me encara com total indiferença, não se importando se eu o acho teimoso, persistente ou sem consciência. Ele me desafia me dando o seguinte recado: “coloque a caneta de novo na mesa e você sabe onde ela vai parar”. Eu que aprenda alguma coisa com seu jeito de ser.

Vera Lucia Moretti
Formação em Pedagogia com especialização em Administração Escolar, Supervisão e Orientação Educacional. Na área holística formação em massoterapia holística, REIKI e Tarô. É sacerdotisa do Instituto Solaris, onde ingressou em 1993, tendo participado da elaboração do curso “Eu sou”, destinado a adolescentes. Parte do grupo do Ritual da Vida.
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