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Vivendo com seu Gestor

Resumo da palestra ministrada por Sofia Mountian na sede da ONG Solaris em março de 2010.

Hoje em dia o ser humano vive plenamente, explorando infindáveis possibilidades existenciais, embora tenha consciência parcial disso. De acordo com a Teoria da Abrangência, essa existência plena pode ser compreendida pelo conceito dos três planos: Plano Físico, Plano Vital e Plano Universal. Vejamos:

Por um lado, há a vida no Plano Físico, onde temos um corpo, uma casa e uma família. Neste plano dizemos: “Este é o meu lar, meu filho, minha gata, meu corpo…” A principal tarefa aqui é a sobrevivência, e o foco é o indivíduo.

No entanto, sobreviver já não é uma tarefa tão simples, pois não depende apenas do indivíduo. Muitos fatores são responsáveis pela vida cotidiana do ser humano. Para sobreviver, ele precisa no mínimo de um emprego ou de alguma fonte de renda, como a aposentadoria. E, com essa renda, vai se abastecer em um supermercado, um banco, uma padaria ou uma feira. Enfim, diversos tipos de organizações são necessários para a nossa sobrevivência.

Então, quando falamos em Plano Vital, estamos tratando da vida em sociedade, devidamente organizada, dentro de regras totalmente artificiais. A princípio, nós somos do planeta Terra, mas com a criação de uma sociedade cultural e altamente tecnológica, vivemos de acordo com certas leis, que não são as leis objetivas da natureza, mas as do código civil e da conduta social vigente. Essas leis nos permitem consumir, ter uma propriedade e viver prazerosamente.

A nossa sociedade atual privilegia o consumo, tendo características muito peculiares. Nada sério acontece nela, tudo passa. O que manda na Lei Geral da sociedade é a diversão, o jogo, a competição. A não ser quando a Terra mostra seus humores, através de algum terremoto, inundação ou tempestade. Então, paramos.

A sociedade de consumo não é uma sociedade séria, é uma sociedade de velocidade incessante, que nos manda consumir, consumir e consumir. O destaque neste plano se dá pela posse de uma propriedade ou de um produto  preparado para ser consumido, que pode ser uma informação, uma fofoca ou um algum tipo de bem, como um sapato.   

Então, até aqui, entendemos que o ser humano vive simultaneamente no Plano Físico, com seu corpo e sua família, e no Plano Vital, dentro da sociedade e de acordo com certas leis. Mas ele é apenas isso? Sabemos que não. Daí entra o conceito de Plano Universal. Se no Plano Físico a pessoa existe em forma tridimensional e no Plano Vital funciona como membro da sociedade e, atualmente, como objeto de consumo, no Plano Universal o ser humano existe como um registro.

Qual é o seu registro? Cada pessoa tem um nome, um endereço, um e-mail – um pseudônimo. Mas, para o Plano Universal, nada disso interessa. Pode se tratar de um homem, de uma mulher, de qualquer coisa, pois nada de físico ou material é levado em consideração neste plano. Aqui o ser humano é válido enquanto fonte de informação, caso contrário, ninguém vai procurá-lo. Trata-se de um mundo que não sabemos como funciona, onde não existimos materialmente. 

No Plano Físico, cada indivíduo possui a própria personalidade. Temos pensamentos, emoções, sonhos e ilusões. No entanto, quem manda na personalidade? É o ego, que possui suas prioridades. As prioridades do ego dependem sempre de um objetivo linear: “Eu quero chegar lá. Como? Não sei, só sei que eu vou chegar lá”. Procuramos exercer o controle através dos pensamentos. Programamos e planejamos nossas ações e alcançamos até relativo sucesso, desde que não aconteça nenhum imprevisto. Mas surge algo que não obedece à nossa razão: a emoção.

E aqui se insere o Gestor Pessoal, que consegue unir o desconexo e o fragmentado. Como isso acontece? Em outras palavras, como controlar a emoção?

O Gestor, que é parte de cada indivíduo, possui três braços, ou redes, ou seja, ele organiza tudo em virtude de três funções básicas: conservação, inovação e transformação.

Nossa quantidade de emoções é enorme, mas, para o Gestor, existem apenas três tipos: individual, em grupo e institucional. Ao tomar conta dessas três emoções, o Gestor consegue enxergar uma unidade emocional, na qual ele faz suas manipulações e começa a produzir uma grande reserva de energia vital, que parte do indivíduo. 

Hoje, ouvimos o tempo todo que o que importa é a motivação. Afinal, o que é a motivação? É a emoção controlada pelo indivíduo. Se você atua como um Gestor, ou seja, toma as rédeas dos três tipos de emoção, você consegue controlar a sua motivação.

No curso Caminho Evolutivo no Século XXI, ministrado no Instituto Solaris, o aluno aprende a trabalhar com a unidade emocional. A existência da unidade emocional permite mudanças que estão sob o nosso controle, esse é o seu grande legado.

Só a emoção pode ser resolvida pela própria pessoa, o resto depende do externo – é impossível se comunicar sozinho ou realizar alguma coisa sozinho. No entanto, a motivação depende do próprio indivíduo, é apenas do indivíduo, que, no entanto, sem o domínio da emoção, fica desmotivado.

Por exemplo, uma pessoa fica sabendo que haverá uma palestra qualquer em algum lugar. Se ela não vai, o evento vai sem ela. Por que ela não foi? Porque não teve motivação. Estava com preguiça. Desculpas não faltam. Ao surgir algum fato, no caso, o evento, a pessoa pode ou não ter motivação em relação a ele. Quando não há motivação, a pessoa não prioriza o fato e não age.

O fato chega até o Gestor através da comunicação, mas não depende dela, nem da motivação ou da ação – o fato simplesmente existe, e é muito importante que ele exista, pois, se não há fato, não há nada. A pessoa abriu um e-mail e viu que haveria uma palestra em tal dia e lugar. Então, o fato aqui é a certeza da existência da palestra. Daí entra a atividade do Gestor. É importante assumir o fato como um Gestor, ou seja, com a comunicação, a ação e a motivação. O Gestor sempre trabalha com três componentes.

Ao andar pela rua, por exemplo, alguém pode se deparar com um cachorro atropelado. É um fato. Ele se motiva, fala com algum transeunte, e, juntos, resgatam o cachorro. Enfim, esse indivíduo entra numa nova realidade. Com isso, surge algo extremamente importante: a participação nesta nova realidade abre a possibilidade de existência nos três planos. Abre-se uma nova oportunidade. Por exemplo, conhecer alguém. E só o Gestor pode estar nos três planos ao mesmo tempo. Essa nova possibilidade e sua realização se relacionam com o Gestor Pessoal e com o Plano Universal, que são responsáveis pelas verdadeiras transformações de nossas vidas.

Se você fez uma escolha certa, vivendo com seu Gestor, você persiste e a realiza, pois o objetivo principal do Gestor é sempre a realização. É a quarta força. Existe a trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e existe a quarta força, que é a da Desintegração. É o produto que surgiu das três forças, é tudo o que foi desintegrado. O Gestor cuida desse produto e é responsável pela sua vida. A vida depende de três fatores, da conservação, da inovação e da transformação, e o Gestor sabe o que fazer com eles.

Sofia Mountian
Sofia Mountian dispensa maiores apresentações – criadora da Teoria da Abrangência, fundadora do Instituto Solaris, presidente da ONG Solaris e uma das sócias da Plênita Consultoria. Sofia, no intuito de esclarecer dúvidas sobre a Teoria da Abrangência, o crescimento do ser humano e assuntos de interesse dos solarianos, escreve mensalmente na Revista Solaris.
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