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O Divino e a Inteligência Artificial

Costumamos desde pequenos ter nossos ídolos e perceber nossas constatações como verdades absolutas, e, à medida que amadurecemos, ou nos informamos, ou mesmo crescemos, percebemos que essa nossa percepção muitas vezes nos engana.

A crença em algo superior, não humano, ou melhor, não derivado de humanos, é normalmente encontrada em coletivos. Pessoas com uma crença semelhante se agrupam e a reafirmam com firmeza e segurança, de modo que se torna uma verdade coletiva, sem admissão de contrários. Vemos isso nas inúmeras seitas e religiões e também em figuras do imaginário, que podem ser reais ou não, como os chazinhos da vovó, a certeza de que manga com leite pode matar, a certeza de ter azar por 7 anos ao quebrar um espelho.

Nós, que desfrutamos da felicidade de manter contato com os fragmentos de sabedoria de nossa Escola Solaris, temos a oportunidade de entender que estamos expostos a todo tipo de informações e verdades, que podem ser boas ou muitas vezes nem tanto, adequadas ou nem tanto, várias vezes excelentes em mãos habilidosas e perigosas em mãos inábeis. Tentamos analisar, ou melhor, sabemos que temos que analisar (infelizmente frequentemente sem sucesso) sob a ótica da “Realidade Objetiva”, que nos isola das paixões e subjetividades, mesmo que muitas vezes não seja o que nossa vontade deseja e exige uma responsabilidade não raro bastante incômoda.

Dessa maneira, de uma forma ou de outra nos encontramos com nossa visão do Divino, às vezes acreditando que este Divino tem traços humanos (não o contrário), esperando carinhos quando merecemos lições duras, pedindo “presentes” sem a menor consciência ou razão. E esse Divino então se torna nosso foco, nosso guia, e constantemente nos esforçamos em apreender um caminho, um ideal a ser atingido em algum ponto do futuro.

De alguns poucos anos para cá, começamos a ouvir sobre I. A. — Inteligência Artificial. Não é divina, pois está sendo criada por humanos, mas com algo desconhecido até então, pois tem características humanas que reconhecíamos como algo divino — a Inteligência. E isso é uma grande inquietude, pois nunca pensamos em nenhum objeto dotado de inteligência, antes exclusiva da Natureza (divina?). Sabemos que a I. A. é hoje apenas uma leitora faminta, capaz de em segundos “ler” todo o conhecimento arquivado sobre qualquer tema, em qualquer lugar, e, dessa forma, por “estatística”, determinar uma solução média que signifique o mais lógico resultado.

O ponto é: poderá essa inteligência evoluir para a consciência, a sensibilidade? A I. A. aprenderá ou entenderá o que é o Amor, e conseguirá uma métrica para obter o melhor utilizando a lógica e a emoção em doses ideais?

Será que um dia conseguiremos que a I. A. aprenda a Teoria da Abrangência e, com uma sequência de cartas (números), faça a análise completa de uma pessoa em todas as dimensões, determinando a “aplicação” dessa pessoa? Será que precisaremos de pessoas em um futuro talvez não tão distante?

Entendo que devemos, sim, incentivar a I. A., aprender sobre a I. A., utilizar a I. A., existe um potencial enorme, exponencial, poderemos ter mais saúde, mais qualidade de vida, menos guerras, mas para isso dependemos, de forma imperiosa, de nossa qualidade humana, de nossa “Inteligência Objetiva” e sensibilidade, com ética, com compreensão e amor reais, em que o Divino se manifeste em nós para que tenhamos a possibilidade da utilização de nossas inteligências naturais e artificiais, com sensibilidade e consciência plenas.

São Paulo, 25 de novembro de 2025

Marcelo Finholdt
Solariano desde 1996, especialista em Sistemas de Logística e consultor empresarial.
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